Equipamento usado para retirar destroços do avião da Air France no oceano Atlântico
A Justiça francesa decidiu limitar o resgate dos corpos das vítimas do voo AF 447 da Air France, que caiu na madrugada de 31 de maio para 1ºde junho de 2009 no meio do Atlântico com 228 pessoas a bordo, informou a mídia francesa nesta terça-feira (10). O acidente aconteceu durante um voo entre Rio de Janeiro e Paris e não deixou sobreviventes.
Segundo o jornal Le Figaro, nem todos os corpos serão resgatados, por determinação de dois juízes parisienses, Sylvie Zimmermann e Yann Daurelle.
Eles decidiram preservar "o respeito e a dignidade" das vítimas que estiverem em estado avançado de decomposição.
A decisão dos juízes diz que, “contrariamente às declarações públicas citadas em vários veículos de mídia, é preciso compreender que os corpos das vítimas que repousam no fundo do mar estão inevitavelmente em estado de deterioração depois do choque violento, do tempo decorrido e do ambiente”.
A operação destinada a recuperar os corpos começou na semana passada, e os restos mortais da primeira vítima foram resgatados na última quinta-feira.
Os corpos de alguns passageiros foram encontrados flutuando no oceano pouco depois do acidente, mas a maioria das vítimas nunca havia sido localizada. No último sábado foi resgatado o segundo corpo, que estava preso nos destroços da aeronave, encontrados no fundo do mar.
Esta é a quinta fase de buscas por destroços e corpos do acidente, em uma área situada a cerca de 1.100 km da costa brasileira.
Resgate divide famílias das vítimas
Antes do início da operação de resgate, os envolvidos já se mostravam preocupados com o estado dos corpos depois de tanto tempo após o acidente. Na semana passada, uma fonte ligada à missão se disse preocupada com os resultados da tarefa, destacando em particular o tempo de imersão dos corpos das vítimas da tragédia aérea, ocorrida no dia 1º de junho de 2009.
A retirada dos corpos do fundo do mar divide opiniões entre familiares das vítimas. Na última quinta-feira (5), após o resgate do primeiro corpo, Sylvie Mello, uma brasileira que perdeu o irmão e a cunhada no avião, disse ao R7 que içar os corpos do fundo do mar só vai prolongar a sua dor.
- É como colocar o dedo na ferida. Eu e minha família não queremos. Eles (corpos) estavam lá quietos, não tinha por que mexer.
Já o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo Air France 447, Nelson Faria Marino, defende os trabalhos. Para ele, o resgate dos corpos ajudará as famílias a resolver processos burocráticos e a "fechar um ciclo". Muitos não conseguiram obter a certidão de morte presumida das vítimas.
- Muitas famílias ficaram mais confortáveis agora, pois poderão finalizar esse processo, fechar um ciclo. Além disso, poderão obter a certidão, que é um documento indispensável e é bem complicado para conseguir. Com o reconhecimento dos corpos, o procedimento fica muito mais fácil.