quinta-feira, 19 de março de 2009

GRANDE ROQUEIRO RAUL SEIXAS

Filho do casal Raul Varella Seixas e Maria Eugênia Seixas, Raul cresceu na cidade de Salvador um tanto estagnada, alheia aos progressos de uma modernidade que passava ao largo da capital baiana. Tinha um irmão, quatro anos mais novo, Plínio Seixas.
Em casa obtém uma cultura que o faz adiantar-se àquilo que era ensinado nas escolas, mergulhando nos livros que tinha à disposição, na biblioteca do pai. Até o final de sua vida, sempre foi avançado para sua época, o que é comprovado pelas músicas por ele compostas e que até hoje são executadas. Como seu parceiro musical Paulo Coelho já disse: "Raul Seixas não é passado, é presente! Futuro!".

Primórdios
Seu gosto musical foi se moldando: primeiro, no rádio, acompanha o sucesso de Luiz Gonzaga, e nas viagens, onde acompanha o pai (inspetor de ferrovia), ouve os matutos desfiarem repentes - e esta "raiz" nordestina nunca o abandonara. Raul Seixas era um garoto muito timido na infância e na adolescência, e só vivia trancado no quarto lendo e compondo.
Num segundo momento, nas telas dos cinemas, encanta-se com o talento de Elvis Presley, de quem torna-se fã - e aponta-lhe o rumo musical: o Rock'n Roll. Sempre gostou também de clássicos do rock dos anos 50 e 60.
Juntamente com alguns amigos de Salvador, monta um conjunto, "Os Relâmpagos do Rock", mais tarde "The Panters", e por último conhecido como "Raulzito e os Panteras". Fazem shows no estado, e, a convite do amigo Jerry Adriani, vai para o Rio de Janeiro gravar um disco pela gravadora Odeon, em 1967 - que foi um total fracasso.
Após algum tempo, volta ao Rio, em 1970-71, contratado por outra gravadora - a CBS (atual Sony BMG). Ali participa da produção de diversos artistas da Jovem Guarda, como Jerry Adriani, Leno e Lilian e mais tarde Sérgio Sampaio, Diana, entre outros. Também compôs mais de 80 músicas para A Jovem Guarda, algumas de muito sucesso, como: Doce, Doce, Doce Amor, Sha-la-la-la, Tudo que é bom dura pouco, Ainda queima a esperança, Sha-la-la, e outras.
Mas nos anos 70 Raul acaba se rebelando. Aproveitando a ausência do presidente da empresa, Evandro Ribeiro, grava seu segundo LP (intitulado Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10), em que faz parceria com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Sta. O disco, todavia, foi retirado do mercado sob o argumento de não se enquadrar à linha de atuação da gravadora.
Em 1972 participou do VII FIC (Festival Internacional da Canção), promovido pela Rede Globo, e conseguiu a classificação de duas músicas, "Let me sing" (um misto de baião e rockabilly)[1] e "Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo", o que lhe deu projeção nacional.

Sucesso e dor
No ano de 1973, Raul conseguiu um grande e estrondoso sucesso com a música Ouro de Tolo, uma música com letra quase autobiográfica, mas também um deboche com a Ditadura e o Milagre econômico.
No mesmo ano foi contratado pela Philips (atual Universal Music), grava o LP Krig-Ha, Bandolo, com o qual Raul alcançou finalmente o sucesso, estabelecendo a parceria com o hoje escritor Paulo Coelh.
Raul Seixas finalmente alcançou grande repercussão nacional como uma grande promessa de um novo compositor e cantor. Porém logo a imprensa e os fãs da época foram aos poucos percebendo que Raul não era apenas um cantor e compositor.


No ano de 1974, por divulgar a Sociedade Alternativa nas suas apresentações, acabou sendo preso e torturado pelo DOPS, exilando-se nos Estados Unidos. No entanto, o sucesso do seu LP Gitã e da música Gita, que lhe rendeu um disco de ouro, após vender 600.000 cópias, fazem-no retornar ao Brasil. Neste ano separa-se de sua primeira mulher, Edith Wisner, com quem teve uma filha chamada Simone.
Em 1975, casa-se com Gloria Vaquer, e grava o LP "Novo Aeon", onde Raul compôs, uma de suas músicas mais conhecidas, Tente Outra Ve.
Em 1976, grava o disco "Há Dez Mil Anos Atrás", que também é um LP recheado de clássicas composições, e tem sua segunda filha, Scarlet.
Raul Seixas lançou mais outros três discos pela WEA (hoje Warner Music Brasil), a partir de 1977, que fizeram sucesso de público e desgosto na crítica. Por volta deste período, intensifica-se a parceria com o amigo Cláudio Roberto, com quem Raul comporia várias de suas canções mais conhecidas, como "Maluco Beleza", "O Dia em que a Terra Parou", "Rock das Aranhas", "Aluga-se" etc.
A partir do ano de 1978, começa a ter problemas de saúde devido ao consumo de álcool, que lhe causa a perda de 1/3 do pâncreas. Separa-se de Glória, que vai embora para os EUA levando a filha Scarlet. Neste ano, conhece Tania Menna Barreto, com quem passa a viver.
No ano de 1979, separa-se de Tania. Interna-se para tratar do alcoolismo. Conhece Angela Affonso Costa, a Kika Seixas, sua quarta companheira.

Ocaso
No ano de 1980, assinando novamente contrato com a CBS, lançou apenas mais um álbum (Abre-te Sésamo) e rescindiu o contrato.
Em 1981 nasce a terceira filha, Vivian, fruto de seu casamento com Kika.
Seus dois discos seguintes (Raul Seixas - 1983 e Metrô linha 743 - 1984) e o livro As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor fizeram sucesso, mas depois Raul teve as portas fechadas novamente, devido ao seu consumo excessivo de álcool e constantes internações para desintoxicação.
Em 1985, separa-se de Kika Seixas. Faz um show, em 1 de dezembro deste ano, no Estádio Lauro Gomes, na cidade de São Caetano do Sul. Só voltaria a pisar no palco no ano de 1988, ao lado de Marcelo Nova.
Conseguindo um contrato com a gravadora Copacabana, em 198 (de propriedade da EMI), grava um disco que foi grande sucesso entre os fãs, (UAH-BAP-LU-BAP-LA-BEIN-BUM - 1987) estando presente até em programas de televisão, como o Fantástico. Nesta época, conhece Lena Coutinho, que se torna sua companheira. A partir desse ano, estreita relações com Marcelo Nova (fazendo uma participação no LP "Duplo Sentido", da banda Camisa de Vênus.
Um ano mais tarde, 1988, já sozinho, faz seu último álbum solo (A Pedra do Gênesis). A convite de Nova, faz alguns shows em Salvador, após três anos sem pisar num palco.
No ano de 1989, faz uma turnê com Marcelo Nova, agora parceiro musical, totalizando mais de 50 apresentações pelo Brasil.

"Canto do cisne"
O último disco lançado em vida foi feito em parceria com Marcelo Nova, intitulado A Panela do Diabo, que foi lançado pela Warner Music Brasil um dia após sua morte. Raul Seixas faleceu no dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos. Seu corpo foi encontrado às oito horas da manhã, pela sua empregada, Dalva. Foi vítima de parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante. O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo ao Raul um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova (parceiro de Raul, com quem gravou o LP), tornando-se assim um dos discos de maior sucesso do eterno Maluco Beleza.

Após a morte
Depois de sua morte, Raul permaneceu entre as paradas de sucesso. Foram produzidos vários álbuns póstumos, como O Baú do Raul (1992), Metamorfose Ambulante (1993), Documento (1998), Anarkilópolis (2003) e Raul Seixas - Série BIS Duplo (2005). Sua penúltima mulher, Kika, já produziu um livro do cantor (O Baú do Raul), baseado em escritos dos diários de Raulzito desde os 6 anos de idade até a sua morte.

Principais sucessos
Muitos dos fãs de Raul Seixas consideram uma das marcas mais fortes nas suas músicas a sua capacidade de, através de um estilo jovial e descontraído, transmitir mensagens ou fazer questionamentos sobre temas como o amor, a vida, e a existência em si.
Das canções que Raulzito deixou, muitas foram aquelas que permaneceram eternizadas pelo gosto do público. Entre elas, Maluco Beleza, Metamorfose Ambulante, Sociedade Alternativa, Gîtâ, Eu nasci há 10 mil anos atrás, Medo da Chuva e Tente Outra Vez. Entre os fãs, costumam aparecer também outras músicas, entre elas, Ouro de Tolo, S.O.S., Mosca na Sopa, Eu Sou Egoísta, Para Nóia, Água viva, e Cachorro-Urubu.

Curiosidades
Raul Seixas desde criança escrevia textos e poesias. Fazia também revistas em quadrinhos para seu irmão (Plinio) a quem vendia. Seu sonho também era ser um escritor.
Raul Seixas e Waldir Serrão foram um dos primeiros garotos a terem contato com discos de Rock n Roll no Brasil, na Bahia, por que estava infestada de americanos nos anos 50/60, que se mudavam por questões de trabalho, assim toda a cultura do Rock foi trazida através deles.
No final dos anos 60, Raul Seixas teve um encontro com Mick Jagger. Que o incentivou a tocar música africana, pois vendo a música brasileira na raíz, havia percebido que a bossa nova era uma farsa.
Raulzito e os Panteras (banda de Raul) acompanhava artistas de pedigree que iam fazer shows na Bahia, entre eles: Roberto Carlos, Jerry Adriani e Wandérleia.
Raul Seixas passou nos primeiros lugares no vestibular de Direito, para impressionar a familia de Edith, que seria desde então a sua primeira esposa.
No inicio dos anos 70, Raul ao lado de Leno ( Da dupla Leno e Lilian ) gravou um disco chamado "Vida e Obra de Johnny McCartney", um disco que caso fosse lançado seria uma evolução musical incrível para a época, pois seria um divisor de águas entre a Jovem Guarda e o Rock Nacional, porém pelo forte teor político, ele foi censurado. Raul divide parceria com Leno em 6 faixas do Disco. "Sentado no Arco-Iris", segundo Leno, foi a primeira letra que Raul tivera realmente orgulho de escrever, lembrando que desde então suas letras eram românticas feitas para a Jovem Guarda.
Antes de ser cantor, Raul Seixas atuou como Produtor da CBS, produzia diversos artistas da Jovem Guarda, e compunha para eles também, entre artistas que gravaram suas canções destacam-se: Jerry Adriani, Diana, Leno e Lilian, entre outros.
A primeira música assinada por Raul Seixas/Paulo Coelho, "Caroço de Manga", na verdade foi composta apenas por Raul Seixas, para incentivar o amigo, ele colocou o nome de Paulo Coelho na música, que mais tarde afirmou que aprendeu a escrever graças a linguagem popular que Raul Seixas o ensinara. Outra questão interessante é que os parceiros de composições de Raul Seixas costumavam ser seus amigos e por vezes até suas mulheres, frisando que Raul Seixas era muito generoso em dividir parcerias com todos eles.
Raul Seixas no Festival Internacional da Canção, escreveu duas músicas, Let me sing, Let me sing my Rock n Roll e Eu sou eu, Nicuri é o Diabo, na primeira ele dividiu parceria com sua primeira mulher, para driblar o regulamento, que só exigia que apenas uma música por compositor fosse escrita no concurso.
Raul Seixas compôs Metamorfose Ambulante aos 12 anos.
A canção Gita, foi inspirada num livro hindu, chamado Baghavad Gita. Raul Seixas afirmou que compôs a música para falar de DEUS, como um "todo".
A canção Um Messias Indeciso, foi inspirada num livro chamado: As Ilusões - As aventuras de um Messias Indeciso.
A canção Sociedade Alternativa é inspirada em escritos de um ocultista chamado Aleister Crowley.
A canção Água Viva, foi inspirada em um texto de São João da Cruz, um santo da Igreja católica.
Raul Seixas queria ser um ator, chegou a fazer um projeto de um filme que foi mal-sucedido, ele seria o personagem principal e também havia escrito o enredo. Ele dizia: " Sou tão bom ator, que finjo ser compositor e cantor, e todo mundo acredita. "
pesquisa KATIENE SOARES

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