Se aproxima o Dia Nacional da Poesia (14 de março). A partir de hoje até aquele dia, vou homenagear um poeta do Assu, ou melhor dizendo, seus grandes poetas que são muitos como João Celso Filho, com quem não tive o prazer de conhecer, mas conheço um pouco da sua trajetória atráves de livros, do convívio com os seus filhos Expedito Silveira (meu tio-afim) e Celso da Silveira, todos já falecidos que eram bons na gramática, na prosa e na poesia. João Celso foi jornalista, colaborador em jornais do Assu como "Poliantéia", entre outros. Inclusive, nas minhas pesquisas no Arquivo Público do Recife, deparei-me com várias produções deste poeta assuense em velhas edições dos jornais como Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio, daquela terra pernambucana. Ele advogava com brilhantismo, professor, dramaturgo, contista, grande orador, poeta dos melhores. Os seus versos foram traduzidos para o espanhol, salvo engano, no tempo em que ele morava no Pará, onde ainda jovem chegou a conviver na intinidade com Humberto de Campos. Proprietário da famosa Fazenda Camelo e Limoeiro, localizadas nos sertões do Assu, João Celso escreveu sonetos da melhor qualidade. É de sua autória o versos intitulado "Uma Chuva no Sertão", que por sinal muito propício para os dias de hoje, que diz assim:Sertão. Em pleno inverno. Os rios descem,As margens alagadas. Os marmeleirosRessequidos, agora reverdecem...Ouve-se, ao longe, a voz dos boiadeiros.O gado muge nas campinas. CrescemOs ramos e o capim nos tabuleiros.As messes de oiro fulvo amarelecem, Partem para o labor os vís roceiros.O Peixe, nas lagoas, em cardume,Pontilha à face d´água. Um vagalumeDe quando em vez, no espaço relampeja...E, enquanto a noite desce, misteriosa,A chuva cai em bátegas, copiosa,Ressuscitando a terra sertaneja!João Celso veio a falecer na Fazenda Limoeiro ( onde, talvez, teria produzido o referenciado soneto), no dia 14 de novembro de 1943. Vítima de infarto, está sepultado na cidade de Assu, cidade que ele empresta o seu nome para estampar numa das principais avenidas, além Forum Municipal, daquela terra assuense.Afinal, como não podia ser diferente para um poeta do Assu, João Celso gostava também de produzir décimas, glosas irreverentes. Pois bem, conta-se que certa vez, viajando com destino a uma certa cidade do interior potiguar, para atender um cliente, em companhia de um amigo chamado Eloi Fonseca no volante de um automóvel, "depararou-se com uma porteira, que nada mais era senão duas estacas com vários paus atravessados, impossibilitando a passagem do veículo. Perto, tinha uma casa. Buzinaram. Apareceu uma mulher que se prontificou a retirar os paus. A operação foi um pouco demorada, suscitando reclamação de Elói, Servindo-se da sua facilidade de glosar, João Celso ali mesmo fez o histórico do incidente como abaixo se lê":Já era quase uma hora,Quando Elói disse à roceiraQue veio alí abrir à porteira:Puxe o pau minha senhoraPuxe-o todo para fora,Faça força, dê-lhe um soco,Agora arrede esse toco.Tá duro? Empurre, que vai,Não, tá mole, agora sai,Seu Elói, demore um pouco.
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